nucibus relictis...

quarta-feira, setembro 28, 2005

Inóspito

O inóspito...
O inconcreto!!

O banal enche-se de importância.

A reconciliação...
A paixão...

O banal é afinal importante.


Observei-te! Parecias despido de sentimentos e emoções. Quis nesse momento reinventar-te e colorir a tua face, mas apenas encontrei o azul gélido e sombrio de um olhar que desconheço.
Penso que amanhã vai ser diferente, que já não estarás em mim...

Reencontro-te... e a esperança rapidamente se queda. Estás!
Odeio-me... Odeio-me profundamente porque gosto dessa imagem tua que criei.
Aquela que só existe na minha mente...

Fantasia!
Ficção!
...

Enfim... dói saber que só existes na minha cabeça...

Egoísmo...

Esqueço-me de mim cada vez que em ti penso...
Torno-me... fragilmente egoísta.
Não consigo deixar de te sentir, sem aniquilar totalmente a minha existência...

És o passado presente na memória...
És a circunscrição do que soube não saber.
A maldita ironia que me acompanha....

Reclamo-te a mim... como quem reclama a chama de um fogo que não arde...
Um vazio, uma tempestade inóspita num sonho qualquer.
Deixo-te sem te abraçar porque em minha mente tu és o abraço...

Regozija-te!
Crê!

E Observa!

A maravilhosa benção que te acompanha.
Ama e sê amado numa qualquer plenitude.
Num lugar distante... onde sejam apenas um...

E a teu lado, a perfeição...

Comprei um maço de tabaco e ergui o meu beirão...
Vejo-te.

A teu lado, a tua perfeição.

Sinto-me fluir... o ar escasseia...
Não consigo...

Tenho os olhos presos ao teu casaco,
Tenho-te enclausurado em mim...

A teu lado, a tua perfeição.

Queria dizer-te que me fazes falta.
Queria sentir a tua tez.

Reminiscência impossível.
Penso apenas...

A teu lado, a tua perfeição.

A impossível, a astuta.
A dor, o remorso, o nada...

Sou apenas o que restou de nós.
O imperfeito e o incompleto.

E a teu lado, a tua perfeição.


Somebody

I want somebody to share
Share the rest of my life
Share my innermost thoughts
Know my intimate details
Someone who’ll stand by my side
And give me support
And in return
She’ll get my support
She will listen to me
When I want to speak
About the world we live in
And life in general
Though my views may be wrong
They may even be perverted
She’ll hear me out
And won’t easily be converted
To my way of thinking
In fact she’ll often disagree
But at the end of it all
She will understand me
Aaaahhhhh....

I want somebody who cares
For me passionately
With every thought and
With every breath
Someone who’ll help me see things
In a different light
All the things I detest
I will almost like
I don’t want to be tied
To anyone’s strings
I’m carefully trying to steer clear of
Those things
But when I’m asleep
I want somebody
Who will put their arms around me
And kiss me tenderly

Though things like this

Make me sick
In a case like this
I’ll get away with it
Aaaahhhhh....

"Somebody", Depeche Mode


terça-feira, setembro 06, 2005

“O remorso crónico, e com isto todos os moralistas estão de acordo, é um sentimento bastante indesejável. Se considerais ter agido mal, arrependei-vos, corrigi os vossos erros na medida do possível e tentai conduzir-vos melhor na próxima vez. E não vos entregueis, sob nenhum pretexto, à meditação melancólica das vossas faltas. Rebolar no lodo não é, com a melhor certeza, a melhor maneira de alguém se lavar.”

Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo, in Prefácio do autor…

Eles...

Ele olhava calmamente para o seu semblante, tentava perceber do que ela falava…
Com um único gesto tornava-se quase enigmática e eu perdia-me. A sua boca balbuciava palavras que eu já não ouvia, apenas o gesto… aqueles gestos por que me apaixonei, que a tornam perfeita na sua própria imperfeição…

Não sei...

O que procuras? O que almejas ardentemente encontrar? Que silencio nas paredes indistintas e vazias reconheces? Quem és? Quem queres ser? Por onde pretendes caminhar? Por quem vives e por quem morrerás?
- Vazia e indistinta! … Sim tu! Tu, aquela que caminha e que sofre, sorri e clama ao Mundo o peso do fracasso e de uma iniquidade; aquela em que subjaz a alegria do ser agora, na insustentável leveza de um agora incumprido onde tudo se desfaz…
Descontinuidade e perseverança, grito silencioso, promessas incumpridas deixadas ao acaso, noites esquecidas, vagas de luz…
Talvez nada… o confuso de um nada perfeito em que te reencontras.