nucibus relictis...

terça-feira, maio 31, 2005

Quem?!

Quem me guiou pelo infinito, quem me segurou a mão, quem se perdeu de amores pela sensação de sentir, quem se aprisionou pela causa e dela fez um altar? Quem??

Chove em mim...

Chove torrencialmente. Sinto em mim cada gota que bate na janela, gela-se-me a alma e desconheço o porquê... Talvez pela tormenta, aquela que é só minha, aquela que se quebra e floresce a cada raiar do sol.
Pensamentos difusos e vãos, desejos imaculadamente impuros... como se de um estranho comprimido se tratasse!
Procuro um sentido, um sinal, qualquer coisa que me desloque da frágil imobilidade. Um devaneio estranho na plenitude do nada...
Escrevo e não percebo o que digo... ou o que sinto!
Hoje tudo é novidade, tudo é cinzento, tudo é tudo sem nada ser... Um vazio, uma tristeza dispersa despida de vergonhas...
Temo... me só...

sábado, maio 14, 2005

Palavras para quê?!



Cada um de nós É já uma BENÇÃO!

segunda-feira, maio 09, 2005

Ausência por VINICIUS DE MORAES

Ausência

Eu deixarei que morra
em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

Vinicius de Moraes